quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

A Ribeira Morreu ( a Praça )

O tempo passa. Olha como eu envelheci.

A praça da Ribeira era de terra e grama. Tinha um campo de futebol, onde depois fizeram uma quadra aberta. Um espaço grande de terra onde fazíamos os campeonatos de bola de gude – que chamávamos de boléba- e corrida de tampinha de garrafa- que chamávamos de chapinha- depois veio a febre do vôlei e virou um espaço destinado a isso. Mas também jogávamos garrafão. Lembro-me que um dos mais temidos no garrafão era o Naldo Marquez – que na época era só o Arnaldo- por causa de seu grande tamanho e falta de delicadeza ao socar as costas de quem atravessava o garrafão.

Em Junho e Julho no meio da praça tinha dança de Quadrilha, ensaio de bloco de Carnaval. Na tal quadra alem de futebol., é claro, jogamos um jogo criativo que inventamos para poder andar nas bicicletas uns dos outros. Um ficava com uma madeira – servia de taco- e uma lata de óleo de cozinha amassada e os outros rodando de bicicleta pela quadra, quando uma era acertada pela lata, descíamos e deixávamos o que nos acertou andar na nossa bicicleta e passávamos a ser o que arremessava latas.

Um dia parti desse pequeno pedaço de nada, voltei anos depois para uma rápida visita. No lugar da quadra um mostro – uma praga em vários municípios populistas- chamado poliesportivo. Esse tipo de construção é valido, mas não deveria ser feito em praças e sim em um terreno destino somente a isso. A Razão pela qual ele foi feito nessa praça com certeza é a de todos os outros lugares: Para ficar bem visível a obra do prefeito, não adianta dizer que não, por que é.

Concretaram a praça toda, o espaço de uso publico ficou mínimo. O espaço lúdico infantil dinamitado. Menos Arvores menos sombras para se passar a tarde em papos sobre desenhos, meninas e sonhos. No lugar da placa de concreto que trazia o nome do Leonel Brizola- uma placa histórica- foi retira e puseram uma pirâmide ridícula, de um mal gosto fora de serie.

Como diz um amigo meu: “ Rapa a Ribeira morreu, mas já não era sem tempo.” Finalizo assim com essa frase paradoxal para forçar a sua reflexão.


Victor Viana @VianaBuzios
È Jornalista, escritor, blogueiro e ativista social.
No momento está lançando “O Menino do Guarda Chuva- Uma Historia de Búzios”.

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